Estrada de formiga
Ocultei a fascinação
pela auto percepção
da existência.
Eu era fascinada,
deslumbrada,
seduzida por ela.
Criança a cata de detalhes
despercebidos pelo mundo maior,
tão desinteressante.
Eram descobertas grandiosas
os vincos de uma pedra.
Estrada de formiga.
O mundo maior
deu para gargalhar de mim
criança.
Levava-me a constatar
que minhas preciosas descobertas
eram antigas conhecidas e comuns
pedras inertes,
mortas,
desconexas,
soltas,
pedras.
Intimidador mundo maior.
Eles sabiam tanto mais sobre as pedras,
as estradas
e as formigas,
que me senti envergonhada
e tratei de aprender tudo quanto pude
e quis
sobre as pedras,
as estradas
e as formigas
segundo o mundo maior.
Lembro-me de uma sutil sensação
de que tinham tudo planejado
para algo ainda maior
que o mundo maior.
Envergonhei.
Nas pedras,
nas estradas
e nas formigas
eu deixei guardada,
tão bem escondida,
a fascinação
pela auto percepção da existência.
Meu natural método para as minhas grandiosas descobertas era a contemplação.
O mundo maior disse não.
O mundo maior imperativo disse: apreenda.
Envergonhei.
Nas pedras,
nas estradas
e nas formigas
eu deixei guardada,
tão bem escondida,
a contemplação.
O mundo maior cada vez mais frenético,
intimida e impera:
apreenda, apreenda, apreenda!
Acho que frenética fiquei.
Tanto que da sanidade nada saudável eu abdiquei.
Procuro nas pedras,
nas estradas
e nas formigas
a auto percepção da existência
e a contemplação que deixei.
Ah, menina! Aquela criança ainda mora em você. Virou poeta resistente, mas o mundo maior não precisa saber.
ResponderExcluirAiii! Que liindo! Agradecida demais!
ExcluirMuito bom!!! Presente de natal antecipado.
ResponderExcluirPresente criado e entregue com muito amor, Luizio!
ExcluirNossa Muito Lindo , gostei !!!
ResponderExcluirLuis Guilherme
Nossa Muito Lindo , gostei !!!
ResponderExcluirLuis Guilherme
Obrigada, Gui! Fiquei feliz de ver que passou aqui, leu e ainda mais que tenha gostado! Por favor, volte sempre aqui e fique muito à vontade!
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